terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Estatística Educacional do turno Noturno - Profº Ms. Eraldo FErraz




Começando com o conceito do termo e “Estatística” Wallis descreve como: “um conjunto de métodos que se destina a possibilitar a tomada de decisões acertadas, face às incertezas
            Tendo em vista as observações precedentes podemos dar as seguintes definições:
            ESTATÍSTICA são dados quantitativos sujeitos, em larga escala, à influência de uma multiplicidade de causas.
            MÉTODOS ESTATÍSTICOS são aqueles métodos especialmente adaptados à elucidação de dados quantitativos, sujeitos à influência de uma multiplicidade de causas.
            TEORIA ESTATÍSTICA ou simplesmente, ESTATÍSTICA é a exposição dos métodos estatísticos.
            Entretanto, recentemente, entrou em uso a palavra "estatística" com outro sentido; é a designação de estimativa baseada em dados experimentais, mediante amostras.
            Este conceito de estatística foi introduzido por R. A Fisher em oposição a parâmetro, também por ele introduzido. Um parâmetro é um elemento numérico (como a média, o desvio-padrão, o coeficiente de correlação) usado para caracterizar uma população ou universo, enquanto estatística é uma estimativa de determinado parâmetro obtida pela observação de amostra do respectivo universo.
            As origens de Estatística científicas remontam à metade do século XVII, quando passou a ser considerada como uma disciplina autônoma que tinha por objetivo a descrição das coisas do Estado, vindo assim a ter uma sistematização orgânica que respondia a princípios doutrinais.
            O fundador desta Estatística científica foi Herman Conring (1600-1681), professor de filosofia, medicina e política da Universidade de Helmstadt, que inaugurou em 1660 um curso de Ciência política, em que descrevia e examinava as questões fundamentais do Estado. Seus continuadores foram, dentre muitos, M. Schmeitzel (1679-1767) e Godofredo Achenwall (1719-1782), que mais tarde chegaram a suplantar a fama do próprio Conring. Achenwall teve o mérito de haver consolidado definitivamente a posição da nova ciência na Universidade, dando-lhe o nome de Estatística, nome que o próprio Achenwall reconhece não ser novo, já que fora usado em 1589, na Itália, por Ghilini.
Ao longo do tempo  a estatística foi se consolidando como ciência, e levada até em âmbito educacional ao servir de como indicadores educacionais entre outros.
#Começando os estudos de Estatística Educacional
Percebe-se que a estatística de algum modo está ligada a tomada de decisão, inferência, margem de erro e amostra de dados referente a uma parte da população. Outro ponto apresentado foi à estatística descritiva e indutiva. A partir disso as fases do método estatístico foram apresentadas, explicando cada uma.
Fases do método estatístico
1.         Planejamento: nesta fase o pesquisado deve levantar algumas questões: o quê pesquisar? (tema), para quê? (objetivo), para quem? (instituição), por quê? (justificativa), onde? (metodologia/local) com quê? (metodologia/instrumentos-questionário), como? (metodologia), Quando? (Cronograma/etapas do trabalho/tempo/período), com quem? (público-alvo).
2.         Coleta de Dados: corresponde ao momento de aplicação dos questionários com o publico- alvo.
3.         Crítica dos Questionários: significa a triagem, seleção dos questionários que, de fato, serão computados.
4.         Apuração dos dados  =>    Manual
                                       =>   Mecânica/ eletrônica: o IBGE usa essa modalidade, é mais rápida e precisa.
5.         Representação tabular e gráfica: que significa a construção das tabelas e gráficos conforme os dados apurados de cada questão do questionário.
6.         Análise e interpretação dos dados: à luz dos dados do gráfico faz-se uma análise e descrevem-se os percentuais que são vistos, continua com as inferências do pesquisador, fazendo inserção de citações de autores que tratam daquele assunto apresentado no gráfico. Em outras palavras: o pesquisador tem que travar um diálogo entre o que se vê no gráfico; o que ele infere sobre o que vê; e usa o aporte teórico para fundamentar cientificamente o que está analisando.
7.         Conclusão ou considerações finais: momento final do trabalho em que o pesquisador à luz dos resultados se posiciona, indicando possíveis propostas para a melhoria ou alteração na realidade pesquisada, ou seja, tomada de decisão.


Séries Estatísticas

Um dos objetivos da Estatística é sintetizar os valores que uma ou mais variáveis podem assumir, para que tenhamos uma visão global da variação dessa ou dessas variáveis. E é através da apresentação dos dados na tabela que o pesquisador consegue resumir um conjunto das observações.
Os elementos essenciais de uma tabela são:
Título: indicação que precede a tabela e que contém a designação do fato observado, o local e a época em que foi registrado.
Corpo: conjunto de colunas e linhas que contém respectivamente, em ordem vertical e horizontal as informações sobre os fatos observados.
Cabeçalho: parte superior da tabela que especifica o conteúdo das colunas.
Coluna indicadora: parte da tabela que especifica o conteúdo das linhas. Além desses elementos, existem os complementares, são eles:
Fonte: é a indicação da entidade responsável pelo fornecimento dos dados ou pela sua elaboração.
Nota: informação de natureza geral, destinada a conceituar ou esclarecer o conteúdo das tabelas ou indicar a metodologia adotada no levantamento ou na elaboração dos dados.
Chamadas: são informações de natureza específica sobre determinada parte da tabela, destinadas a conceituar ou a esclarecer dados. Elas são indicadas no corpo da tabela em algarismos arábicos, entre parênteses, à esquerda das casas e à direita da coluna indicadora.
Utilizamos, também, os sinais convencionais que podem ser um traço, quando o dado não existe; zero, quando o valor do dado for menor do que a unidade de fração decimal adotada; três pontos, quando não se dispõe do dado; ou x, quando houver omissão do dado para evitar-se a individualização das informações.
A estruturação de uma tabela estatística obedece às seguintes regras:
1.           Cada tabela deve ter significação própria de modo a prescindir, quando o isolado, de consultas a texto.
2.           Nenhuma “casa” deve ficar em branco, apresentando sempre um número ou sinal convencional;
3.           Nenhuma tabela deve ser disposta de maneira que a leitura exija a colocação do volume fora da sua posição normal;
4.           As tabelas deverão ser fechadas, no alto e embaixo, por linhas horizontais fortes;
5.           As tabelas não serão fechadas, à direita e à esquerda, por linhas verticais;
6.           Quando os dados se referirem a uma série de anos civis consecutivos, indicar-se-ão três algarismos, no caso de variar o século e dois em caso contrário, separados por hífen. Ex: 1890-960 ou 1960-67.
7.           Quando os dados se referirem a uma série de anos civis consecutivos, indicar-se-ão ambos em algarismos completos, separados por hífen; ex: 1960-1977.
8.           Quando os dados se referirem a um período de doze meses diferentes do ano civil, indicar-se-ão algarismos separados por uma barra; ex: 1966/67.

Antes de iniciarmos o estudo sobre as séries estatísticas se faz necessário conhecer o traçado correto de uma tabela.
Os dados de uma série podem ser representados por uma tabela SIMPLES ou, também, uma COMPOSTA.
Esqueleto de uma tabela simples esquematizada
Esquema de uma tabela Composta


 Séries esatatísticas

As tabelas apresentam a distribuição de um conjunto de dados estatísticos em função da época, do local ou da espécie. Logo, numa série estatística observamos a existência de três elementos: o tempo, o espaço e a espécie. Conforme variação de um dos elementos da série, podemos classificá-la em TEMPORAL, GEOGRÁFICA e ESPECIFICATIVA.
As séries estatísticas podem ser conjugadas, pois muitas vezes o pesquisador tem a necessidade de apresentar, em uma única tabela, a variação de mais de uma variável e fazer uma conjugação de duas  ou mais séries. Neste caso, o pesquisador criou duas ordens de classificação: uma horizontal (linha) e uma vertical (coluna). Estas séries são estanques, sem continuidade entre uma categoria e outra.

           
1.      Série Temporal ou Cronológica: é aquela onde há variação no tempo, permanecendo fixos o local e o fenômeno.

Exemplo: No triênio 98/00, a matrícula do Curso de Pedagogia a distância da UFAL, segundo dados do CEDU, foi a seguinte:
1998 = 300; 1999 = 250 e 2000 = 200.
PERGUNTA-SE:
a) Seu título respondeu:
o quê? Matrícula do Curso de Pedagogia (fixo);
onde? UFAL (fixo);
quando? 1998/00 (varia).
b) Qual foi a fonte de dados? CEDU
c) Organize os dados numa tabela.

Matrícula do Curso de Pedagogia a distância

UFAL – 1998/00

ANOS
FREQUÊNCIA (F)
1998
300
1999
250
2000
200
Total
750
Fonte: CEDU

Algumas dicas:

-         Na coluna numérica poderá aparecer a palavra “Freqüência”, ou “Quantidade” ou  apenas a letra “F”.
-         O título deve ficar CENTRALIZADO, proporcionalmente ao tamanho da tabela.
-         O título da tabela deve conter as respostas às 3 (três) perguntas: O que? Onde? Quando?
-         Estas dicas servirão, também, para as duas séries estatísticas que seguem.

2. Série Geográfica ou Territorial: é aquela onde há variação no local, permanecendo fixos o tempo e o fenômeno.
Exemplo: Em 2000, a matrícula por município de AL, segundo dados da SED, foi a seguinte:
Penedo = 1.200; Piaçabuçu = 950 e Pariconha = 700.
PERGUNTA-SE:
a) Seu título respondeu:
o que? Matrícula  (fixo);
onde? por município (varia); quando? 2000 (fixo).
b) Qual foi a fonte de dados? SED
c) Organize os dados numa tabela.


          Matrícula por município/AL – 2000
Municípios
F
Penedo
1.200
Piaçabuçu
  950
Pariconha
  700
Total
2.850
Fonte: CEDU


3. Série Especificativa ou Categórica: é aquela onde há variação no fenômeno, permanecendo fixos o tempo e o local.
Exemplo: Em 2000, a matrícula por sexo em Penedo, segundo dados da SED, foi a seguinte:
Masculino = 200; Feminino = 1.000.
PERGUNTA-SE:
a) Seu título respondeu:
o que? Matrícula  por sexo (varia); onde? Penedo (fixo); quando? 2000 (fixo).
b) Qual foi a fonte de dados? SED
c) Organize os dados numa tabela.

             Matrícula por sexo – Penedo – 2000
Sexo
F


Masculino
200


Feminino
1.000


Total
1.200
Fonte: SED
Séries Estatísticas Compostas

            É comum, no método estatístico, utilizarmos dados cruzados para facilitar a interpretação. Essas séries são determinadas a partir da variação de mais de um elemento da tabela. Isto é possível detectar através do título da tabela, respondendo às três questões: o que? (indica o fenômeno); onde? (indica o local) e quando? (indica o tempo). Havendo variação de mais de um elemento deste, a série estatística será composta.

Exemplificando:

Vamos supor que você realizou uma pesquisa no livro de registro da secretaria de sua escola da matrícula, por sexo, da 4ª série no período de 90 a 92. E, ao invés de preparar duas tabelas (uma por sexo e outra por ano), você optou em cruzar os dados SEXO x ANO.
Então, a tabela ficaria assim:

   Matrícula da 4ª série, por sexo, Escola X, 1990/93
Ano
Sexo

Total

Feminino
Masculino

1990
100
50
150
1991
120
60
180
1992
90
55
145
Total
310
165
475
            Fonte: Secretaria da Escola X

            A série estatística, construída acima, é uma tipicamente TEMPORAL x ESPECIFICATIVA, porque variaram o tempo e o fenômeno. Podemos, ainda, formar outros cruzamentos, são eles:

1. ESPECIFICATIVA X TEMPORAL: é a série  estatística onde variam o fenômeno e o tempo. Exemplo:
Matrículas por Cursos, UFAL/ 2000-01

   CURSOS
 ANOS                                 

TOTAL
2000

2001


Medicina
Engenharia
Pedagogia
Economia
Serviço Social          

131
 76
 92
 34
 81

120
 38
147
  86
113

      251
      114
      239
      120
      194
FONTE: CEDU


2. TEMPORAL X GEOGRÁFICA: é a série estatística onde variam o tempo e o local.
Exemplo:

Evasão Escolar por Estados- 1999/2000


  ESTADOS
    
               ANOS


     TOTAL

    1999

    2000

 São Paulo
 Minas Gerias
 Alagoas
 Piauí
Sergipe
Acre

198
131
296
341
121
136

187
198
211
131
148
197

385
329
507
472
269
333

Fonte: MEC-INEP


3. ESPECIFICATIVA X GEOGRÁFICA: é a série estatística onde variam o fenômeno e o local. Exemplo:

Veículos Adquiridos por Regiões / 2001

Veículos

                             Regiões

    Total
Norte
Nordeste
Centro Oeste

 Sul

Sudeste

Kombi
Corsa
Ka
Escort

  87
  56
  93
  48

   58
   71
   84
   76
  

  79
  86
  71
  90

  51
  88
  81
  75

    36
    92
    62
    81

     311
     393
     391
     370
FONTE: Secretaria de Transportes.


4. ESPECIFICATIVA X ESPECIFICATIVA: é a série estatística onde o fenômeno varia mais de uma vez. Exemplo:



                   Distribuição de Material Escolar por Séries
                                             Alagoas/2001
           


    Materiais

             Séries


        Total
   1ª
   2ª
   3ª

      Lápis
      Borracha
     Caneta
     Caderno
     Lapiseira

  53
  61
  32
  46
  38

  21
  38
  71
  89
  48


  39
  46
  60
  38
  46


       113
       145
       163
       173
       132
Fonte: SED.


José Gomes / Graduando de Pedagogia pela UFAL
Monitor de Estatística Educacional / Bolsista do CNPq




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